Rodrigo Janot diz que foi armado ao STF para matar Gilmar Mendes
O ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot disse em entrevista a
diversos veículos de comunicação, que chegou a ir armado com um revólver ao
Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes
e depois se suicidar. Nesta sexta-feira (27), Mendes divulgou uma nota em
que se diz surpreso e recomenda que o ex-PGR “procure ajuda psiquiátrica”.
Os dois protagonizaram um longo embate
enquanto Janot ocupou o cargo, entre 2013 e 2017, com trocas constantes de
críticas públicas. O ex-PGR disse ter, porém, chegado a um limite em 2017
quando o ministro envolveu sua filha em uma das pendengas.
O episódio é narrado por Janot no livro
que lança esta semana, Nada Menos que Tudo, porém
sem citar o nome de Gilmar Mendes. O ex-PGR, entretanto, resolveu agora revelar
a quem se referia.
“Num dos momentos de dor aguda, de ira
cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei
na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia
orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha”, escreve
Janot no livro.
Segundo o ex-PGR, ao encontrar o
ministro sozinho na antessala do plenário do Supremo, antes de uma das sessões,
chegou a sacar uma pistola, mas não puxou o gatilho somente porque “a mão
invisível do bom senso tocou no meu ombro e disse: não”.
O episódio ocorreu em 2017, depois de
Janot ter pedido ao Supremo que considerasse Mendes suspeito para
julgar um habeas corpus de Eike Batista. O argumento era que a esposa do
ministro, Guiomar Mendes, trabalhava em um escritório de advocacia que prestava
serviços ao empresário.
Em seguida, circulou na imprensa a
informação de que a filha de Janot, Letícia Ladeira Monteiro de Barros,
defendia a empreiteira OAS, envolvida na Lava Jato, em processos no Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O ex-PGR atribuiu a divulgação da
informação a Mendes e, por isso, cogitou matá-lo, segundo o relato.
“Confesso que estou algo surpreso.
Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava
exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua
concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu
corria também risco de morrer”, escreveu Gilmar Mendes em nota divulgada
nesta sexta-feira (27). (Por: Felipe Pontes -Agência Brasil / Foto: Marcelo Camargo)
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