Com seis mandados de prisão, Polícia Federal faz operação contra fraudes previdenciárias em Pernambuco
A Polícia
Federal (PF) deflagrou a Operação Clepsidra, que mira uma suposta organização
criminosa voltada à prática de crimes em massa contra o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
Segundo a PF, a
quadrilha era voltada sobretudo à obtenção fraudulenta de benefícios
previdenciários e assistenciais, mediante falsificação de documentos públicos,
uso de documentos falsos e estelionato majorado, além de lavagem de dinheiro.
A ação da
Polícia Federal contou com a cooperação da Coordenação-Geral de Inteligência
Previdenciária e Trabalhista da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho
do Ministério de Trabalho e Previdência, que identificou 225 benefícios
previdenciários e assistenciais sob suspeita de fraude.
Na manhã desta
quinta, são cumpridos 5 mandados de prisão preventiva, um de prisão domiciliar
e quatro medidas cautelares diversas, além de mandados de busca e apreensão em
13 endereços. As determinações foram expedidas pela 23ª Vara da Justiça Federal
em Garanhuns, no Agreste, após representação da PF e manifestação favorável do
Ministério Público Federal.
A operação
ocorre nas cidades de Águas Belas, Garanhuns, Caruaru e Recife. Além disso, a
Justiça Federal determinou ao INSS a suspensão de 225 benefícios previdenciários
e assistenciais obtidos mediante fraudes.
Veja
abaixo a nota oficial da Polícia Federal sobre a investigação do caso:
"O
Inquérito Policial foi instaurado na Superintendência Regional da Polícia
Federal no Estado de Pernambuco, para realizar a fase de investigação criminal
sobre a notícia da identificação de benefícios previdenciários e assistenciais
obtidos mediante fraudes. Durante o trâmite do Inquérito Policial, a PF, com
prévia autorização da Justiça, empregou técnicas e meios especiais de investigação
e obtenção de provas, o que, além de confirmar as suspeitas iniciais,
possibilitou a descoberta da existência de uma organização criminosa, cuja
maioria dos membros possui residência na cidade de Águas Belas, de onde
realizam ações criminosas em série neste e em outros municípios do Estado de
Pernambuco e em outros estados do Nordeste.
O modus
operandi do grupo consiste primordialmente na obtenção, mediante fraudes, com o
recebimento de benefícios previdenciários após a morte de segurados, e principalmente,
através da falsificação de documentos para a criação de pessoas fictícias e
obtenção indevida de benefícios assistenciais. As tarefas são distribuídas
entre os componentes da organização em núcleos compostos por fraudadores, os
quais exercem a liderança e a coordenação das ações do grupo; por
falsificadores de documentos utilizados para a “criação de pessoas fictícias”;
pelos chamados “idosos de aluguel”, que utilizam as identidades falsas em nome
de terceiros (inexistentes) perante a autarquia previdenciária e outros órgãos;
e por distribuidores, que compram e revendem parte dos cartões de benefícios
obtidos mediante fraude.
O prejuízo
causado ao INSS pela organização criminosa em razão das fraudes identificadas
foi de R$ 27.628.762,33, que representa o valor total dos pagamentos mensais em
relação aos benefícios previdenciários e assistenciais indevidos. Os
investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de
pertencimento a organização criminosa (art. 1º da Lei nº 12.850/2013), obtenção
fraudulenta de benefícios previdenciários e assistenciais, mediante
falsificação de documentos públicos (art. 297 do CP), uso de documentos falsos
(art. 304 do CP) e estelionato majorado (art. 171, §3º, do CP), além de lavagem
de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98). Com a ação de hoje e o cumprimento
pelo INSS da determinação judicial de suspenção dos 225 benefícios
previdenciários e assistenciais obtidos mediante fraudes, identificados pela
CGINT/SEPRT/MTP, será imediatamente evitado um prejuízo anual de R$
3.173.456,00 (três milhões, cento e setenta e três mil e quatrocentos e
cinquenta e seis reais).
Sendo assim,
estima-se uma economia adicional de R$ 27.754.130,97 (vinte e sete milhões,
setecentos e cinquenta e quatro mil, centro e trinta reais e noventa e sete
centavos) em valores que, levando-se em conta a expectativa de vida da
população brasileira, seriam pagos indevidamente em relação aos 225 benefícios
obtidos ilegalmente, acaso tais fraudes não tivessem sido identificadas e os benefícios,
suspensos."
Nome da Operação
Segundo a PF, Clepsidra é um relógio de água formado por dois vasos comunicantes com marcações, que era utilizado pelos antigos romanos e gregos para medir a passagem do tempo. O nome da operação faz referência à principal sede da organização sob investigação e ao principal modo de agir do grupo, consistente na criação de segurados fictícios, atribuindo-lhes tempo de idade, segundo a PF.
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