Noite do palco Pernambuco Meu País com shows enérgicos de Vanessa da Mata, Chico César, Cascabulho e Revoredo

Uma noite que ficará para sempre guardada na memória de quem esteve no Pernambuco Meu País neste sábado (27), em Gravatá. O palco que leva o nome do festival recebeu apresentações icônicas de grandes artistas da MPB. Revoredo, Cascabulho, Chico César e Vanessa da Mata entregaram shows impecáveis e interligados por uma característica comum a todos: a celebração de outros artistas brasileiros com reverências em versões únicas do cancioneiro nacional. Uma sintonia inesperada, mas repleta de simbolismo e emoção. 

Quem abriu a noite foi o cantor e compositor Alexandre Revoredo. Natural de Garanhuns, o artista tem conquistado um público cada vez mais fiel. Grupos de Arcoverde, Caruaru e Recife marcaram presença e não passaram despercebidos por Revoredo, que fez questão de saudar e agradecer. Além de seu repertório autoral, com canções como Acetona, Sou e Arrumação, ele entoou músicas conhecidas do grande público. Sonífera Ilha, dos Titãs; Abri a Porta e Tenho Sede, ambas de Dominguinhos e Gilberto Gil, ganharam versões que encantaram o público por sua originalidade.

Em seguida quem realizou sua estreia no Pernambuco Meu País foi o grupo pernambucano Cascabulho. Celebrando 30 anos de estrada, a banda fez um show quente e ancestral. Nascido na cena do Manguebeat, Cascabulho mostrou ao vivo que vem atravessando essas três décadas se mantendo conectado com o público e entregando hits de outrora mesclados com músicas recentes. Várias faixas do álbum Fogo na Pele, lançado em 2021, integraram o repertório, sendo acompanhadas por clássicos da música nordestina, como Pedras que Cantam (Fagner), Estação da Luz (Alceu Valença) e Frevo Mulher (Zé Ramalho), só para citar algumas.

Sobre o festival, Magrão, o vocalista, ressaltou a pluralidade da programação e a valorização da cultura popular em toda a grade. “Espero que essa raiz plantada dê muitos frutos”, ressaltou. Acunha, como costuma dizer entre as músicas, que a brincadeira só estava começando e na sequência quem tomou conta do jogo foi Chico César.

O paraibano deixou Gravatá em estado de poesia. Não houve quem não cantasse em coro Mama África, A Primeira Vista, Deus me Proteja, Vestido de Amor, e tantas outras canções lindas compostas por Chico César. Um dos maiores letristas da música brasileira interagiu com o público em diversos momentos, sempre ressaltando sua alegria de estar em Pernambuco e reverenciando sua banda. Músicas de outros artistas ganharam nova roupagem sob a guitarra e voz de Chico. Árvore (Edson Gomes), Sobradinho (Sá e Guarabyra), Admirável Gado Novo (Zé Ramalho) e um mash-up de Proibida Pra Mim com Lenha (Zeca Baleiro) encantaram a todos.

Encantamento também foi quando o artista chamou ao palco Vanessa da Mata. Juntos, cantaram A Prosa Impúrpura do Caicó e A Força Que Nunca Seca, caneta da dupla gravada por Maria Bethânia. E finalizando esse show memóravel, Chico César se uniu aos músicos que, de mãos dadas, entoaram com o público do Pernambuco Meu País a ciranda Mamãe Oxum.

Quando Vanessa da Mata retornou ao palco a energia a sintonia entre artistas e plateia, que já estava alta, aumentou. Com sua presença, seu carisma e sua voz únicos, ela mesclou canções próprias já bem conhecidas e amadas pelo grande público a homenagens de outros compositores brasileiros. Foi assim que Não me Deixe Só e Segue o Som antecederam Saia do Meu Caminho (Belchior) e Céu Azul (Charlie Brown Jr.). 

Emocionada, cantou ainda Guilherme Arantes; saudou Dona Ivone Lara com uma performance contagiante de Sonho Meu; Gal Costa, Luiz Gonzaga, Odair José. Um repertório inteligente que, em sua diversidade, reforçou a força da brasilidade. Clássicos autorais como Ainda bem, Boa Sorte e Amado - este último protagonizado junto ao intérprete de Libras em uma improvisação muito aplaudida - também fizeram parte desse show icônico.

O agradecimento da artista ao final da apresentação resume em muitos níveis a noite de sábado deste terceiro fim de semana de festival: “muito obrigada por essa loucura maravilhosa!.” (Foto: Silla Cadengue)